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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Saudade sem rancor

Era a distância que mais nos aproximava: não os poemas, não as cinzas daquele cigarro inacabado. Todo amor exige certo distanciamento para ser lembrado em qualquer espaço de tempo, em qualquer pedaço de sentimento. Eu, para te ter, precisei te escrever. Só assim pude dormir tranquilo todas as noites que estivemos longe um do outro do outro do outro: sem ouvir o timbre da tua voz tão doce e tão delicada, sem tragar teus problemas tão doces e confusos, sem estragar teus dias tão delicados e breves. Só assim consegui domar a angústia que é não poder acariciar teu sorriso matinal, tua presença tardia e teu gozo noturno. E para não morrer de saudade, me alimentei das suas ausências: só assim pude digerir a angústia sem passar mal, sem rancor.

Saudade sem rancor.

(Eu nem chamo Antonio)

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