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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Um dia tive um sonho. Era o amor.

Um dia tive um sonho: eu estava numa balada qualquer, numa cidade qualquer. Beijando todas as bocas pertencentes a olhos que me tivessem visto. Nenhum daqueles beijos era doce. Era apenas o desprendimento de um amante inveterado doido para encontrar outro amor igual. As luzes da balada giravam rapidamente, a música era pop e meu corpo se balançava como se eu estivesse dançando sozinho, sem ninguém me vendo. Num dos giros de 90 graus da minha cabeça tive que parar: era a visão mais linda daquela noite de beijos indesejados. Você chegou mais perto e passou a ser os olhos mais lindos que aquela noite tinha me mostrado. Perguntou meu nome. Eu disse que não importava. A única coisa que importava era te beijar. Queria que fosse o mais doce que pudera ter provado. Ao se aproximar mais e propor - apenas com os olhos e movimento de cabeça - que queria me beijar, instantaneamente disse que seria para sempre. Eu sonhara com um beijo eterno de “três mil horas para parar de me beijar”. Sem pestanejar, me beijou. Precisávamos somente de “um segundo para aprender a [nos] amar”. Foi um soco. Foi um pontapé na porta. 

Gentlemen, start your engines, the time is coming. O amor chegou, cegou.

Uma noite fria em que o termômetro marca 17 graus Celsius. Meu coração está com 37 graus. O esperado para um corpo sadio. O amor de sempre que aquece meu coração. O tempo cronológico do nosso amor foi curto. Tão curto que nem deu tempo de contar. Mas o tempo do amor foi longo. O relógio pareceu parar para nós dois. Tínhamos o toque, o beijo, o olhar, o cuidado. Fomos testemunhas de acontecimentos particulares que abrimos um para o outro. Meu ombro foi testemunha de teu choro e de tua confiança. Acho que nesse momento amei mais. E talvez tenha sido esse momento que te fez fugir do nosso amor. Um contrassenso, parece. Não sei. Até agora não entendi porque teu coração deixou de se aquecer por mim. Às vezes penso que ele não deixou. Tudo o que eu queria dizer era “você não deve ficar triste em me perder, mas deve estar consciente de que está desperdiçando um amor”. Mas não tive coragem. Soaria prepotente, eu sei. Nosso amor chegou na hora em que o coordenador diz “Shantay, you stay ; Sashay away”. E cada um foi pro seu lado. Com o coração ainda quente.


Dias depois, você me pergunta o que mais eu quero. E eu só queria um pouco (quase nada) e amor. Talvez uma mensagem dizendo que sente saudades, ou uma margarida seca entre as páginas de um livro, ou um simples bilhete escrito num guardanapo qualquer com um trecho de qualquer música do nosso ídolo, o Cazuza; ou passear de mãos dadas na praia. Mas teu amor anda sem tempo. Nem pra escrever "sdd". Nem pra dizer boa noite. Do nada surge um cupido na minha frente e grita “Oléé”. Daí eu acordei. Foi tudo um sonho. Não estamos mais na praia de mãos dadas. A verdade é que o amor é uma exceção. E não há doçura ou amargura que faça isso ser diferente.

Praia do Cabeço - SC

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